A Preciosa Trindade Santa: Uma pequena análise do que diz a “Confissão de Fé de Westminster”- Tiago H. Souza

A doutrina da trindade é a essência de todo o evangelho. Meditar sobre ela é pisar em terra santa.  A.W  Tozer diz que estudar a trindade é andar com os pensamentos no jardim do Éden. Até a nossa salvação depende exclusivamente dessa doutrina. Agostinho, um grande teólogo e defensor acido dessa doutrina disse certa vez que “tentar explicar a trindade é perder a cabeça, tentar nega-la é perder a alma”. Grandes discussões foram vista nos primeiros anos da igreja. Concílios, reuniões, tratados foram feitas nos primeiros séculos da era cristã para debater e esclarecer esta doutrina. Hoje lidamos com o assunto como algo fechado e já resolvido. Católicos e protestantes se unem nesse ponto para defender essa doutrina tão importante das escrituras.

A pergunta é: Lidamos honestamente com o assunto? Temos a mesma convicção da doutrina que os apóstolos tinham? As respostas serão variadas. Por isso a necessidade de se voltar aos antigos credos apostólicos e entender por quais caminhos devemos caminhar nessa jornada cheia de mistérios chamada trindade.

Para esclarecer esta questão é que recorremos a um dos maiores tratados da igreja protestante: A Confissão de Fé de Westminter(CFW)

A CFW começa o assunto da Trindade explorando a unidade da Divindade.

Meu estudo sobre a  trindade será divido em duas seções.

Podemos chamar essa primeira seção de : O que é Deus? O que é a Deidade?

O que diz a CFW:

1- Unidade Trina.

Há um só Deus vivo e verdadeiro1, o qual é infinito em seu ser e

perfeições. Ele é um Espírito puríssimo, invisível, sem corpo, membros e paixões;

é imutável, imenso, eterno, incompreensível, onipotente, onisciente,

santíssimo, completamente livre e absoluto, fazendo tudo para a sua própria

glória e segundo o conselho da sua própria vontade, que é reta e imutável. É

cheio de amor, é gracioso, misericordioso, longânimo, muito bondoso e verdadeiro

remunerador dos que o buscam e, contudo, justíssimo e terrível em seus juízos,

pois odeia todo o pecado; de modo algum terá por inocente o culpado.

 

A um só Deus: A confissão é crucial nesse ponto. Não somos idólatras, não somos politeístas. Não acreditamos em 3 deuses. Acreditamos em um só Deus. Esse Deus não está morto, Ele se comunica com nós, ele é transcendente e imanente ( está sobre a sua criação e está presente na sua criação), ele é uno,l ele é um. É vivo e também é verdadeiro. Deus é a própria personificação da verdade. Verdade é tudo aquilo que Deus é.

Infinito em seu ser e perfeições: Esse único Deus verdadeiro também é infinito em si mesmo. Não há como medir a Deus. Ele é eternamente eterno na sua existência. Não teve princípios de dias e não terá fim de existência segundo o autor de Hebreus 7:3. Infinito em perfeições é a característica obvia do ser que é verdadeiro. Ora se Deus fosse falso não poderia ser perfeito. Como ele é verdadeiro em todos os sentidos dessa palavra, é inerente ao ser de Deus a sua completa perfeição, logo Deus detém os seus atributos em grau máximo, pois ele é perfeito!

Ele também é Espirito puríssimo, invisível, sem corpo, membros e paixões: O que seria Deus é espirito? Podemos ter em algumas definições, quero deixar somente uma para nós: Deus é espirito porque ele não está limitado as dimensões físicas, ele rompe toda os limites de espaço, não está restrito em uma forma corpórea. Sem forma corpórea obviamente não terá membros e nem é movidos por paixões e emoções.

Deus é perfeito em seus atributos. Deus é o único ser que o atributo equivale a essência. Por isso ele é essencialmente imutável, eterno, incompreensível, onipotente, onisciente, santíssimo, completamente livre e absoluto, pois ele é Deus.

Faz tudo para a sua Glória e segundo o seu conselho da sua própria vontade, que é reta e imutável.  Sendo Deus tão perfeito em si mesmo, ele faz com que todas coisas possam convergir para a sua própria Glória. Aqui os atributos de Deus se completam novamente. Sendo Deus reto em seus atos é inevitável que ele faça tudo para a sua glória, pois sendo Deus ele merece toda a glória possível.

Vamos dar mais um passo e entrar na definição da trindade propriamente dito.

Chamarei essa segunda seção de: o que é Trindade?

O que diz a CFW:

II.3 – Na unidade da Divindade há três pessoas de uma mesma substância, poder e

eternidade – Deus o Pai, Deus o Filho e Deus o Espírito Santo. O Pai não é de

ninguém – não é nem gerado, nem procedente; o Filho é eternamente gerado do

Pai; o Espírito Santo é eternamente procedente do Pai e do Filho.

 

A doutrina da trindade é uma doutrina cujo objetivo é afirmar a unidade de Deus subsistente em 3 pessoas distintas. A Trindade é uma explicação ao fato de que este único Deus, apesar de sua unidade, se relaciona entre si como Pai, Filho e Espirito Santo.

Devemos então, a partir deste ponto fazer uma separação obvia entre o cristianismo e as demais religiões. Por ser o cristianismo uma religião monoteísta, ele não está disposto a abrir mão da unidade de Deus, pois é um fato, do contrário, o cristianismo seria mais uma religião politeísta ou idólatra.

Na unidade da Divindade há três pessoas de uma mesma substância, poder e eternidade. A definição da CFW começa com um tom de complexidade: “ na unidade da divindade há três pessoas”. Não estamos dispostos a abrir mão do “Shema” do antigo testamento descrito em Deuteronômio 6 “ Ouça, oh Israel: O Senhor nosso Deus é o único Senhor. Deus é uno. Mas respaldado na mesma escritura que nos revela o “Shema”, temos o conhecimento de outras pessoas da deidade. A mesma escritura que nos revela o “Shema” também nos revela a deidade do filho (Jo 1.1, Mt 9:4,28:18, Mc 2:1-12, Cl 1:17), e a deidade do Espirito (At. 5:3,4, 1Co 2:10, 6:19, Jo 3:5,6,8). Assim, o pai não é o filho, o filho não é o Espirito, e o Espirito não é o Pai. Cada pessoa da deidade tem seu papel, tem sua característica e nenhum é distinto de poder e autoridade dos outros.  Assim temos 3 pessoas distintas compartilhando da mesma unidade divina, ou como a própria CFW diz “ substancia, poder e eternidade. Quando falo pessoa não me refiro ao conceito moderno de “individualização”, mas ao “persona” da cultura e a tradição cristã que remete a ideia de “personalidade” e “atributos relacionais”.

O Pai não é de ninguém- não é nem gerado e nem procedente. A CFW diz que Deus é auto-existente em si mesmo. É o criador não criado. É a causa não causada. Não há ascendente e nem descendente.  Não há nada e ninguém acima dele e para que lhe determine seus atos e exerça juízo sobre seus feitos.

O filho é eternamente gerado do Pai. Primeiro quero destacar o que o filho não é. O filho não é um produto da mente criativa de Deus. O filho não foi criado por Deus. O filho não é fruto de um sistema reprodutivo do Pai. Então o que é o Filho? Podemos aceitar algumas verdades, mesmo sendo elas um tanto complexas. O filho sempre existiu com o Pai, desde que Pai é, o filho também é. O filho é co-eterno com o Pai, por isso o termo empregado pelo CFW de filho gerado “do” Pai, e não “pelo” Pai. Podemos testificar a eternidade do filho em Jo 1.1 e Cl 1:17.

o Espírito Santo é eternamente procedente do Pai e do Filho. As escrituras também relatam sobre a atividade divina do Espirito Santo. Ele é chamado de Deus em Atos 5:3,4 e possui atributos que somente Deus possui, como a onisciência (1Co 2:10) e onipresença (1Co 6:19), e regenera as pessoas (Jo 3:5,6 e 8). Todos esses atributos e atividades são exclusivamente de Deus, só ele pode fazer tais coisas. O Espirito Santo pode-se dizer que é a atividade missionária atuante da divindade em conformidade com o Pai e o Filho.

trindade

Para concluir, medite comigo em 1°Pedro 1:1-2

A fé para os leitores de Pedro consiste num relacionamento com as três pessoas da Trindade. O Pai faz deles os seus eleitos enquanto o Espírito os separa, santifica para que eles possam viver para a obediência de Cristo.

Quando nos debruçamos para estudar essa passagem podemos observar algumas verdades importantíssimas sobre a Trindade:

1-      O plano da salvação não se limita ao amor eletivo do Pai. Ela inclui a obra do Espirito Santo em convencer o homem e a persuadi-lo a voltar-se para Cristo.

2-      O plano da salvação não se limita a persuasão do Espirito. Como vimos anteriormente não há como o Espirito trabalhar isoladamente já que este é procedente do Pai e trabalha conforme a sua soberana eleição.

3-      O plano da salvação não se limita no sacrifício de Cristo. Cristo morreu para os eleitos do Pai que foram convencidos pelo Espirito. Se não fosse assim a morte de Cristo por mais gloriosa que esta seja não teria sentido algum.

Assim, concluo dizendo que seria um absurdo se a Trindade não fosse real e verdadeira. Ela é necessária para tanto para a as pessoas da trindade se relacionarem entre si, quanto para nós que fomos alcançados pelo evangelho. Evangelho este que nos revela o amante (Deus), o amado (Filho) e o amor( Espírito Santo).

Deus nos abençoe.

Para ter acesso a CFW acesse : http://www.ebenezer.org.br/Download/Onezio/ConfissaoFeWestminster.pdf

Bibliografia:

Ryrie, Charles. Teologia para Todos. Mundo Cristão

Hodge. A.A. Confissão de Fé de Westminster Comentada.

Wiesbi, Warren. Comentário Bíblico Expositivo.

Berkhoff, Louis. Teologia Sistemática. Cultura Cristã

A Mensagem do Profeta Malaquias: O Perigo da Frieza Espiritual – Tiago Souza

A Mensagem do Profeta Malaquias: O Perigo da Frieza Espiritual

Certa vez perguntaram a um pregador “qual a diferença entre o pecado dos santos e o pecado dos ímpios”? Ao que o pregador respondeu: há toda diferença. Os pecados dos santos são piores!!!

São piores porque lhes falta muitas vezes a percepção de que isto é uma afronta ao Deus que lhe concedeu toda a graça. É pior porque ao contrario dos ímpios e dos incrédulos os santos experimentam e conheceram o Deus de toda Glória. É diferente porque mesmo sendo salvo, o santo dará conta de suas atitudes e de seus atos para com Deus.

E é exatamente nessas horas que Deus entra com providencia em nossa vida, nos direcionando para não pecar mais, pois os nossos pecados cometidos contra Deus, são piores do que os pecados dos ímpios. Por isso  Devemos ver este livro como um ato de providencia de Deus em exortar o seu povo para que algo pior não venha acontecer.

Pois bem…

Malaquias significa “meu o mensageiro”. Um titulo bem sugestivo para o livro, pois sabemos somente sobre a mensagem e não sobre o mensageiro em si, que foi usado por Deus para escrever o ultimo livro do Antigo Testamento. A mensagem do mensageiro Malaquias vem em um tom de sentença de Deus para o povo rebelde de Israel. A palavra descrita como sentença, no original hebraico tem mais a ideia de peso. E por que o Senhor se dirigiu desta forma ao povo? Ao longo da mensagem de Malaquias pode se observar que o povo, mais uma vez, abandonou o amor a Deus e voltou-se para as praticas pagãs e colocou a adoração a Deus em ultimo plano. Assim, a adoração ao nome do Senhor foi colocada de lado diante da incredulidade e desobediência do povo. Para entender melhor a situação do povo nos dias de Malaquias, por favor, volte comigo um pouquinho antes do livro ser escrito, volte comigo para o ano de 538 A.C.

Em 538 A.C, Ciro publicou um decreto que permitia os judeus voltar a Jerusalém depois de anos de cativeiro e reconstruir o templo para a adoração a Deus. Cerca de 50 mil judeus aceitaram o desafio e voltaram para Jerusalém.  Nesse período Deus levanta Ageu, Esdras e Zacarias para profetizar e encorajar o povo a reconstruir o templo. Alguns anos se passam e Neemias torna-se governador. Neemias passa a observar que já no seu tempo as coisas começaram a ficar um tanto estranhas entre o povo de Deus. O mesmo povo que outrora era estrangeiro, cativo e sofria em terras estranhas e que recebeu favor e misericórdia de Deus , quando a graça divina tocou o coração de Ciro, agora começa a blasfemar ao Senhor em sua própria terra desfrutando das bênçãos do Senhor em sua própria terra. Isso deixa Neemias revoltado ao ponto de tomar algumas medidas drásticas em Jerusalém. É possível que o profeta Malaquias tenha sido chamado nesse tempo de Neemias para expor os pecados do povo, repreende-lo e fazê-lo voltar á adoração ao Senhor. As condições descritas no livro de Neemias são bem semelhantes às condições descritas nas profecias de Malaquias.

Podemos identificar que este tempo foi de grande declínio espiritual, de grande frieza espiritual e de grande cinismo do povo de Deus e por fim, um tempo de grande necessidade de ouvir uma exortação da parte de Deus.

coração de gelo

E que pecados rondavam o coração do povo de Deus?

Ao longo dos meus estudos no livro de Malaquias pude observar 5 pecados gravíssimos contra Deus:

 

1° rejeitaram o amor de Deus e o trataram de forma cínica e arrogante (1:2-5)

Não é atoa que Malaquias identifica este pecado como o primeiro dentre muitos. A rejeição ao amor de Deus vai desencadear outros tipos de pecados que vai dilacerar a alma e fazê-la cada vez mais cega e surda para ter uma percepção clara do amor de Deus. Quanto mais você rejeita o amor de Deus, mais difícil será você não rejeitá-lo, pois menos perceptível você será para ouvi-lo. É quase idêntico a aquela lei da física do radio ligado. Quanto mais eu me distancio do radio, menos eu poderei ouvi-lo. Assim a rejeição ao amor, a rejeição ao dar a devida resposta ao amor divino provavelmente é a mãe de todos os pecados.

E como isso penetra no coração e na mente do homem?

Quando o nosso coração tem amores rivais. Quando o nosso coração tem outros amantes. E qual era o amor rival do coração do povo de Deus? Provavelmente o seu bem-estar! O povo de Deus viveu o seu “american dream” quando voltaram da babilônias cem anos antes. O “sonho americano” do povo de Deus estava começando a se realizar, eles estavam voltando pra casa, a esperança de uma vida prospera e tranquila estava tomando um lugar no coração deles que não deveria tomar. Observe comigo que a adoração devida ao nome do Senhor e a devida resposta ao amor de Deus não era mais o centro da vida do povo. E isto aconteceu por que outras coisas tomaram o lugar no centro da vida de Israel naquele momento. E tudo me leva a pensar que a prosperidade, a esperança de uma vida bacana, o sonho de uma vida feliz e tranqüila longe do cativeiro tomou o lugar de Deus. E este é o perigo da prosperidade, este é o perigo quando Deus nos abençoa, quando a benção toma o lugar de Deus na nossa  vida e se torna um amor rival.  Deixe de lado os amores rivais. Volte-se para Deus, o mesmo Deus que amou o povo, como descrito nos primeiros versos do livro é o mesmo Deus que te ajuda que te ama e lhe faz abandonar estes amores rivais.

 

 

2° recusaram dar a Deus a devida honra ( 1:6-2:9)

Ora se o povo deixou de lado a resposta devida ao amor de Deus, isso os levou também a rejeitar a devida honra a Deus. Uma vez que eu rejeito o amor de Deus no meu coração, internamente, eu tenho que colocar isto para fora. Eu tenho que me expressar de alguma maneira. A expressão da desonra do povo de Deus estava no fato de oferecer sacrifícios imperfeitos a Deus. O chefe de família deveria pegar o seu próprio novilho e levar ao sacerdote para que este pudesse oferecer em holocausto para a adoração ao Senhor. No passar dos anos eles negligenciaram essa prática ao oferecer novilhos doentes, cegos e coxos. Sua atitude para com Deus era refletida na adoração que eles davam ao Senhor, ou seja, sua adoração estava doente! A vida com Deus para o povo virou rotina. Virou um verdadeiro tédio. Uma obrigação religiosa e nada mais. A adoração virou uma atitude sem paixão. Esse tipo de cristianismo é sem cor. Sem aventura. Sem sorrisos. A primeira atitude de homem que tem seu coração tapado para o amor de Deus é desonrá-lo na adoração. Quando o esfriamento penetra no coração pode ter certeza que isto terá ações exteriores e visíveis. A falta de zelo na adoração do povo era visível, ninguém compra de um cambista um novilho cego e machucado de forma invisível. A adoração seja ela falsa ou verdadeira é visível por todos. Dificilmente alguém seco, frio consegue se passar por um homem espiritual. Pode rodopiar, pular, marchar e até subir ao púlpito para pregar. Se o coração for uma pedra de gelo, uma sala vazia provavelmente todos saberão disso!

 

3° desprezarão a fidelidade de Deus (2:10-16)

O vers. 11 do cap. 2 diz “uma coisa repugnante foi cometida em Israel e Jerusalém, Judá desonrou o santuário de Deus”. Enquanto o Salmista cantava no salmo 84 “como é agradável o lugar da tua habitação, a minha alma anela e até desfalece pelos seus átrios”, o povo de Israel pós-exílio babilônico cantava “como é desprezível estar nos átrios do Senhor”!

O profeta chega a uma conclusão obvia: Que coisa repugnante! Quando um crente quebra as alianças com Deus e volta o seu coração para a prática do pecado, o que será das alianças feitas com outros irmãos? O que será da aliança feita com a sua esposa, ou seu esposo, se as alianças feitas com Deus foram quebradas? O que pode sustentar a aliança de um matrimônio, quando as alianças com o Amado foram quebradas? Que coisa repugnante é quebrar a aliança com Deus. A infidelidade com Deus causa no coração do povo, uma ferida que se não for tratada será a causa de outras infidelidades. Provavelmente essa é a causa do que Paulo fala em Efésios 5:1 “sejam imitadores de Deus”. Deus não quebra as suas alianças. Deus é fiel as suas alianças, por isso ao imita-lo, o homem permanece fiel as suas alianças, pois Deus é fiel as alianças Dele. Quebrar as alianças com Deus trará conseqüências na sua vida diária. Se você for solteiro, a infidelidade ao Senhor será um beijo convidativo a outros tipos de pecados sexuais inclusive pecados de ordem moral. Para os casados a infidelidade a Deus é a causa principal do divorcio. Só no Brasil mais de 45,6% dos casamentos chegam ao fim. Só no ano 2011, 350 mil casais quebraram as suas alianças matrimoniais. Pergunto: qual a causa disso? O povo anda distante de Deus. Cresce o numero de evangélicos, mas são evangélicos que não permanecem fieis a sua aliança com Deus. E isto terá consequências sociais gravíssimas tais como o divorcio. Isso é tudo é conseqüência direta do afastamento de Deus e sua infidelidade para com ele.

 

4° Chegaram ao cumulo de redefinir a justiça de Deus (2:17)

A cegueira espiritual do povo era tamanha que eles pediam justiça a Deus, pois estavam cegos e não percebiam que a própria justiça de Deus estava atuando na comunidade para quebrantar os seus corações. Deus conhece o nosso coração, conhece nossas intenções, ele esquadrinha a nossa alma, pedir justiça á ele pode ser algo arriscado. Pede-se justiça ao Senhor em dois casos, e os dois casos identificam exatamente como está o nosso coração: 1° pedimos justiça a Deus por que estamos preocupados com o seu Nome e sua reputação entre as nações. Pedimos justiça a Deus porque estamos preocupados com o nosso nome e a nossa reputação. Se algo foge do nosso controle, como fugiu do povo de Israel quando o povo começou a passar por uma instabilidade financeira, apelamos para a justiça de Deus. Mas a grande pergunta é? Você está pronto pra Ele fazer justiça em sua vida? Você tem mesmo coragem de pedir a Deus que derrame sobre a sua vida o que é justo sobre você? Era justo o povo pedir justiça? Deus estava usando de misericórdia para com o povo, mas eles, de forma cega e inconsequente, estavam pedindo a ira de Deus sobre suas próprias cabeças e não sabiam.

 

5° Estavam roubando de Deus (3:7-12)

Quando vemos o povo dialogar com Deus podemos até pensar que eles eram “santinhos”. Questionaram, colocaram em descredito a palavra do Senhor, reivindicando sua justiça. Ao analisar o texto de Malaquias cap. 3 temos um retrato de como estava as atitudes morais e éticas do povo: Estavam roubando de Deus em seus dízimos e ofertas!

Pense comigo por instante. O dizimo e as ofertas eram necessários para a manutenção de teocracia, usados para sustentar os levitas, realizar as festas nacionais e religiosas e atender as necessidades dos pobres. Quando Malaquias da a exortação sobre o roubo dos dízimos e ofertas, o profeta está lembrando-os que ao fazer isso o povo estava roubando de sí-mesmo também. Este é o ponto chave para os dízimos e ofertas. Damos a Deus o que lhe é de direito, mas somos nós mesmos que somos beneficiados com isso! Ao roubar de Deus o povo estava pecando contra si mesmo, uma terrível consequência da cegueira espiritual que estava instaurada no meio do povo.

Que desastre o povo se encontra. É lastimável ver a condição humana quando este se encontra distante de Deus. Podemos pintar um quadro que retrata a condição que o povo se encontrava. O povo se encontrava cego, surdo, sujo podre. De suas bocas só saiam palavras arrogantes, cínicas e com tom de ironia.

 

Conclusão

Para concluir quero leva-los a conhecer um pouco mais do nosso Deus misericordioso. O Deus que se revela com misericórdia abundante, que se revela com uma graça poderosa que se rebaixa e nos socorre!

 

Para dar uma resposta definitiva e final ao povo corrupto. Deus promete:

O seu mensageiro da aliança, o Santo remédio para os corações vacilantes (3-4)

Aqui está umas das mais claras referencias da vinda de Cristo no antigo Testamento. O mensageiro da Aliança, ou o “Anjo da Aliança” como algumas traduções interpretam esse texto, fala exclusivamente da vinda de Jesus Cristo a terra. É autoexplicativa a narrativa de Malaquias porque que o anjo da aliança virá: O pecado estava instaurado no coração do povo! Deus não pode ser neutro nessas horas. Deus não age como o povo! Ele não está cego. Ele não está surdo. Ele não está aparte do que está acontecendo com o seu povo. Ele deve agir com justiça. O peso da sua palavra deve ser também vista em ações, pois um dos seus atributos é JUSTIÇA e JUSTIÇA PLENA.  Entender a justa condenação dos homens é entender a gravidade do pecado para com Deus. Deus não é brasileiro. Ele não trabalha com jeitinhos, ele não trabalha com favoritismo. Ele trabalha com JUSTIÇA!

E é com essa justa justiça que Malaquias descreve o anjo da Aliança. Ele virá para purificar os pecados do povo.

Cristo é retratado como dois agentes de purificação: O fogo  que queima a escória, a escória do pecado e o sabão que lava toda a iniquidade. Todos os homens devem passar por esta limpeza. Todo homem deve passar pelo crivo da justiça do Mensageiro da Aliança.

Hoje 2.400 anos depois das profecias de Malaquias, sabemos que o Mensageiro da Aliança já veio, nasceu, cresceu. Nunca cometeu um pecado. Como uma garça andou em meio á lama e nunca sujou as suas vestes brancas. Comeu com pecadores. Andou com prostitutas. Visitava publicanos. Sua vida foi envolvida de alegria. De beleza e ternura. Sua morte foi envolvida de terror, angustia e solidão.

Toda a vida de Cristo, tanto a sua morte quanto a sua vida foi em prol da profecia de Malaquias: A purificação dos pecados daqueles que são seus.

Os seus muitas vezes se encontram distantes, caídos, desanimados e em completo estado de escória. Mas aqueles que são seus jamais passaram despercebidos pelo fogo que queima, pelo sabão que lava. A palavra para o povo de Israel era uma palavra de Peso. E por que ela vem com este peso? Por que nós somos seus! Ela vem com peso em nossas vidas para nos fazer refletir o real estado do nosso coração.

Mas este é o Deus que nos ama. Sua palavra tem peso sim, mas no final ela nos faz tão leve como uma pena levada pelo vento. Se Deus tratou dessa forma com Israel e trata da mesma forma com nós é porque ele os amava. Ele quer lavar você com o seu santo sabão e queimar toda a escória do pecado para a glória do seu Santo Nome.

Para terminar:

A última palavra, da ultima frase do ultimo livro do Antigo Testamento: MALDIÇÃO.

E esta é a condição que se encontra aqueles que rejeitarem passar pela purificação do Mensageiro da Aliança.

Termino meu estudo perguntando: Você esta sobre benção ou maldição? Você esta sendo fiel ou infiel a Deus? Você passou pelo fogo que queima toda a escória da iniquidade? Você teve seus pecados lavados pelo sabão do Senhor? A resposta dessa pergunta você não pode dar em palavras, assim como o povo também não pode. Você deve responder a essas perguntas na prática da adoração ao Senhor.

Que o Senhor nos abençoe.

 

Por Tiago Souza

 

Bibliografia:

Wiersbe, Warren W. Comentário Expositivo: Novo Testamento: volume II- Santo André, SP: 2006

Merril Eugene. Teologia do Antigo Testamento – São Paulo,SP: Shedd Publicações